Eu sou alguém...
Eu passei 28 anos da minha vida em busca de um equilíbrio
E mesmo livre de emoções eu ainda me sentia vazia
Prisioneira de meus tormentos, teria feito tudo pra ser libertada
Adolescência sem pai, minha mãe enchia a frigideira
Crise de identidade, eu não me sentia francesa:
Pouco me importavam a Segunda Guerra, a Marseillaise e o Luís XVI
Eu não sou daqui, tá escrito no meu passaporte
Eu quero ser rapper e jamais serei bacharel
Sempre de lado enquanto as meninas vestiam saias e bijuteria
Minha calça era folgada, eu era brigona, eh cara! Ninguém me segura!
Sedenta pelo proibido, eu era rebelde sem saber
A paz e a idade me suavizaram, foi como se eu achasse o que beber
De barriga cheia, eu tinha ódio no fundo do estômago
E o coração aberto, acho que eu era generosa desde pequena
Sem contar nenhuma vantagem, é só que é da minha natureza
Tentei em vão bancar a durona, bem no fundo eu não passava de uma pluma
Eu sou alguém...
1,68m de altura, 40 centímetros de quadril
Eu era tudo menos um motor para os carinhas no cio
E aí, carente de atenção já que as meninas eram muito populares
Eu meti um pé na esperança e outro no hip-hop
minha ambição: fazer rap melhor que esses rapperzinhos
Que me diziam: "Não levas o menor jeito pra coisa"
Um primeiro álbum criticado em muitas mídias
Eu era a frustração em pessoa, em situação penosa, eu tinha dívidas
Garota branca, sem dinheiro, o cabelo negro, o olhar duro
Perdi minha dignidade, sequestrada na natureza
Tu conheces meu sofrimento, ele me fez uma ‘Brut de Femme’
Eu não gostava mais da minha aparência, então raspei a minha cabeça
Um lado pink, um lado punk, e mesmo assim deslocada
Se as meninas parecidas com a Kate Moss cheiram coca, então eu sou feia!
Um lado menina, um lado thug, um lado "estilo de voto"
Se o rap é dinheiro, eu sou a chefa!
Eu sou alguém...
Em 2003 é o meu retorno, "Dj" faz dançar nas pistas
Meus delírios perturbam o rap, mas eu faço dançar as Antilhas
Na África eu comemoro do Gabão ao Senegal
Suburbana de tênis da Nike, eu passeio pelas selvas da Guiana
No território francês, acumulo shows pequenos
Eu faço rap, corro, o público grita, foi pra isso que eu fui feita!
Eu os amo muito, eles me dão todo o amor que me faltava
Então eu conheço os meus ídolos, Joey Star e Kool Shen...
Fui ao deserto da Tunísia, no Marrocos eu toco minhas músicas
e para a sobremesa, na Argélia me sinto em Chipre!
Com o primeiro cheque gordo eu compro um apart pra minha mãe
Trop chère la villa sur la mer, mais ça ça viendra après
Eles me olham quando eu pego sol, me fotografam em meu lazer
É por isso que eu bato nos fotógrafos e quebro tudo na "Voici"
Esses otários não me verão por um ano sob essa lua
Eu desapareço dos holofotes e retorno pra minha bolha...
Eu sou alguém...
Em 2006 eu faço shows antes do lançamento do disco
Quando a mídia me destitui, o público é o meu recife
Com eles eu me sinto melhor, aos olhos dele sou BIG
Então eu faço o meu melhor pra não virar uma drogada VIP
Impulsionada pelo Dimé por todo o canto, inclusive os estádios!
Bélgica e Suíça de boca aberta diante da cena com o Marc
Quando me atacam, cara eu empunho a minha calculadora
Que eles se lembrem dos números que fez o meu single 'La Boulette'!
Com o coração eu faço rap e eu me divirto com a multidão
Na capa de todas as revistas, eu fico meio assustada
Mas em Camarões eu me dou conta de que a França é o Alasca
A Internet fez de mim uma estrela até Madagascar
O calor na Costa do Marfim, as cores do Taiti
Nouméa, os sábios Canacos que me falam da chuva
Eu sobrevoo La Reunión, sobrevoo o mar de helicóptero
Mais tarde eu entenderia que ele é mais belo visto da Terra
Eu sou alguém...
E a gente chega no fim de 2007, eu me encontro só no meu apartamento
A minha cabeça é um quebra-cabeça, sou milionária em dólares
Eu me sinto culpada, é muito peso para os meus pequenos ombros
Será que Deus é bom assim? Será que eu cumpri meu papel?
Então eu procuro por respostas às minhas dúvidas e cicatrizes
Pequena estrela, eu estou acabada, vista da clínica psiquiátrica
Eu saio de lá desordenada, os medicamentos me sobem à cabeça
Nas ‘Victoire de la musique’, minha glória me traz as lágrimas
Então eu fujo, eu viajo, Ilha Maurice e Bali
Eu sonho tanto com as Maldivas quanto caminhar em Mali
Meus amigos me apoiam, me motivam e me observam
E a minha mãe esconde sua pena por baixo de bilhões de "eu te amo"
Estou carente de força quando na rua eles apontam pra mim
Eu gosto do amor que me dão, mas não que me subestimem
Todos esses olhares me perturbam, garotas em lágrimas quando passam por mim
A glória da mídia me ultrapassa então a partir de agora eu a encaro à distância
Eu sou alguém...
A essa altura eu escrevo esta faixa com o coração repleto de jornadas
No meu Blackberry, porque o Barak me fez apreciar o mérito
04 de novembro de 2008, eu me transporto pra América
Pelas ruas de Nova York, eu vejo um momento histórico
Turistas, vistos internacionais, a América muda de cara
Ninguém mais troca olhares negativos, todos estão orgulhosos de sua herança!
A política da esperança me preenche de combate
Eu também quero crer nisso, eu também sou do Quênia!
Eu também quero lutar e então ajudar os desvalidos
No mundo, se eu puder, e no meu país desunido
Longe da Bastilha, do 6 de maio, dos cachecóis, do gás lacrimogênio
Eu me vejo de novo a gritar “Sarkozy fascista, o povo quer teu couro”!
A fiscalização sabe que eu faço um cheque de um milhão de euros ao Estado
Mas se Deus quiser eles vão servir pra saúde e educação
Eu me vejo de novo na contabilidade e no controle fiscal
E compreendo que subi na escala social e que meu lugar é confortável
Eu sou alguém...
2009: eu sei que minha força não está somente no palco
Mas também junto da Anistia Internacional e do Secours Populaire
Agradeço ao rádio e à televisão por me servirem de trampolim
À imprensa e à Internet, apesar do número de palhaços
Agora quem me ama vai me seguir, a mídia cria quem ela quer que vejam
Sintam-se livres pra tocar ou não minha música, tô me lixando para os singles
O que me importa de verdade é o que a minha música me transmite
O calor humano, longe da confusão do meu Hip-Hop
Não quero mais que me observem, eu só quero que aceitem
Que o que importa são meus textos, não a cor da minha calcinha
Não quero mais os seus debates de merda na televisão de noite
É um combate maternal que eu conduzo, uma luta de espadas
Então eu não ligo pro teu fórum, o único que eu amava era o meu
E as equipes nos Skyblogs que me seguem no dia a dia
A todas as cartas que eu li as quais eu não respondi
Eu admito que era muita pressão, milhares pra uma só caneta
E graças a Deus eu entendi que o sucesso é efêmero
Que a imprensa e a televisão só devem prestar pra espalhar a paz
A todos os paparazzi que amam fotografar minha celulite:
Senhores, vão fotografar o que nos é escondido na África ao invés disso!
E para todos os que me são queridos: eu me sinto melhor na escuridão
Então eu estarei com frequência em shows se vocês desejarem me ver
Acenda o isqueiro no palco, isso vai clarear a África
Eu estou aqui pra levar pra casa o prêmio de “Melhor Ganhadora de Dinheiro”
Quando os rappers inflam o peitoral para conquistar as meninas,
Eu me digo que o rap está morto, talvez seja preciso que eu o reanime...
Mas felizmente sempre tem novas músicas no Booska-p
Em 13 anos eu vi tanta gente se tocando e se sentindo
Entre um Féfé, uma Mercedes, eles queriam fingir ser americanos
Hoje em dia eles são todos chapados, não podem sustentar a vida em Paris!
Vou explicar, eu tenho manchas em todas as equipes, oh
A todos os hipócritas, aqui está meu chikiflow
Raros são aqueles que tem honra, mas aqui vai toda a minha simpatia
Aos marseileses que têm coração, à Mafia K-1 Fry
Vou te explicar, o futuro do rap francês se encontra no coração de uma menina
Desde o tempo em que os MCs lançavam vídeos com as bundas moldadas em jeans
Eu sou alguém...
Vais fazer o quê, tu vais me bater huh?
Vais fazer o quê, tu vais me bater huh?
Não estou sozinha, meu camarada
Tenho todos os meus soldados na retaguarda, ah!!
É a volta da mãe, sempre com o mesmo sorriso
Mesmo quando eu carrego a arma e dou um tiro!
Essa aqui é pro meu público...
Fuck les jaloux, BIG UP, BIG UP, BIG UP, BIG UP ! Pow !
Isso te irrita, hein? Vem, no show tu vais relaxar!