Não vem bancar o fodão, pra mim tu não passas de um mortal
Tu vais morrer assim como eu e como ela
Vais morrer e aí o que vais deixar de legado?
Nada além de merda, eu te aconselho a pôr o coração à prova
Porque eu entendi depois de anos de perdição
Que nem os homens nem o dinheiro fazem a felicidade das pessoas
Nenhum ser humano pôde cuidar de mim
Quando depois de conhecer a glória eu mergulhei na escuridão
Não devo meu talento a ninguém nesta terra
Nem à minha mãe, nem ao meu pai
É por isso que olho sempre pro céu
E peço pra que façam de mim alguém de confiança e de orgulho
Eu encontrei minha honra, uma felicidade sem limites
Longe do choque do showbizz e desse mundo sem valor
E do jeito que as coisas vão, essa música vai incomodar
Podem me chamar de intrometida ou de rebelde infernal
Eu vou te dizer o que eu vi e aí tu me dizes o que achas
Pode crer que desde o começo a culpa de tudo isso é da França
Esse país só tem um valor, o da bolsa de valores
Pouco importa se o povo não tem uma refeição completa
E isso só gera mães ansiosas e pais sob pressão
E então cada vez mais famílias que vão parar nas ruas
Não há valores como os meus na merda da Assembléia deles
Da esquerda a direita, eles querem se parecer uns com os outros
Mas enfim...
Eles querem os recursos e a grana da população
Mas não terão nossos corações, nem nossos irmãos e irmãs
Eles pensam que são quem pra dar lição de moral?
Querem que a gente pense que esse país é um bando de loiras em um coral
Mas não, esse país é de italianos, de negros e árabes
Espanhóis por herança, auvérnios que fazem rap
Esse país é de portugueses que dão o sangue no trabalho
Guadalupenses, martinicanos que se irritam com os impostos
Esse país é uma mistura de cores e de culturas
Uma mistura de dores e de futuros
Esse país é um subúrbio que quer ser enxergado
E que fica puto quando o tratamos como um favelado
As maiores estrelas daqui não são Djamel Debbouze ou Diam's
Mas acima de tudo o Padre Abbé e a Irmã Emanuelle, que descansem em paz!
Longe das marionetes e dos palhaços
Cuja única bagagem é a bunda na capa de uma revista de fofoca
Não fiquem dizendo que o que vale é ser igual ao Puff Daddy
Vai falar isso pra minha mãe, ela vai te dizer que tu tá por fora
Vai dizer que na África existem muitas crianças sofrem
E que nas praças públicas de Lille, pessoas sem-teto morrem de fome
O mérito está nos braços da sua mãe, então não se perca
Ei minha amiga, se ele for um patife, não dá em cima dele!
Eu sei do que eu tô falando, já me deixei enganar
O maior dos mentirosos pode te convidar pra um drink
Te prometem a lua e no fim são uns demônios
A partir de agora quem me quiser vai ter que falar de casamento
Eu cresci muito desde o tempo em que vocês me viam na TV
Nesse meio tempo tive umas duas ou três crises
Envelheci uns dois ou três anos na cara e observei o mundo
A besteira da humanidade é guerrear por ouro e petróleo
Quanto os políticos franceses, eu já desiste há muito tempo
De verdade, eles vão fazer o quê pra secar a lágrima das nossas mães?
O presidente não ama a gente, eu li isso nos discursos dele
Ele não ama nem a si mesmo, dá pra ver nos olhos dele
Eu não tenho nada além de amor pra dar, e muito pouco ódio
Que eu guardo pra alguns jornalistas de merda e pra Le Pen
Eu sou cordial, senhoras e senhores, com toda a bondade
Se vocês não nos amam, vão dar uma volta em outro lugar!
Porque a gente vai ficar aqui e pegar o que é nosso por direito
Não é o país que incomoda, são vocês que são uns merdas
Eu sou muito yes, muito wesh, meu estilo é louco
Ao mesmo tempo eu amo estudar e leio Faïza Guène
Escuto Mèdine e Kerry James atrás da minha Mercedes Benz
Rohff ou 113 quando voo de primeira classe
Eu faço rap, não confundam com o islamismo
No nosso meio existe ódio e estilo
Além de ter uma armada, não estamos aqui pra agradar, há uma barreira nisso
Eu arranco a asinha da variété française: e aí, ela vai fazer o quê?
Eu faço hits sem querer, meio como o Chtis
Viva o pop, não sou nem burguesa, nem travesti
Tenho um bts do subúrbio e uma família que vale ouro
Então tenho armas pra me defender, se por acaso me abordarem
Mas se caso tu me abordes, aperta minha mão, porque eu sou como tu
Não tenho nada de excepcional
E se as irmãzinhas querem ser como eu
Vai ser preciso que eu me esforce pra ser um modelo
É preciso que eu construa outra coisa além de discos
Que eles me citem como uma mãe de família militante
Como uma irmã de grande coração que prega a caridade
E se eu tiver um marido maneiro, não estou nem aí pro teu número de filhos
Eu sou uma princesa e tudo o que mereço é um reino
Sem ter de competir com bobos da corte e gnomos
Eu prego a honra de um povo, aquela que vem dos nossos pais
Levante a mão pra cima... tenha orgulho dos nossas valores!
Por nossos filhos eles podem perder tudo, né não?
Eles podem fazer tudo?
Eles não vão roubar nossos corações
Eles podem até violar nossos salários, a gente vai lutar 35 horas
Esse país cita a África como modelo de boa consciência
Mas olha a América como modelo de bom senso
E então eles cortam as vagas, principalmente nas escolas
É por isso que os jovens só conversam à base de "lol"
Essa música não é só a base do meu pensamento
Mas um resumo do que eu ouço de muitos franceses
Masta, põe um sonzinho aí como o do Cabrel
Já que eles dizem que a nossa música é uma merda
A gente vai plagiar a chanson française pra ver se eles entendem
Gentilmente, tranquilamente, serenamente, com um sorriso:
Uma pequena mensagem a todos os políticos intolerantes,
Assim como pra vossa prima Marine: que vocês se fodam!
Será que a França é séria?
Ei Mariane, olha nos meus olhos!
Ponha as mãos pra cima...