Sembra como se o dia se tiver fundido com a noite
E sembra como se a morte e a vida forem o mesmo
E, no monitor cardíaco, o meu pulso
É uma linha reta e interminável
E sembra como se tiveres parado o tempo sem querer
E este se tiver estrafegado na minha face
Mudando meu interior.
E sinto o pavor dentro do meu peito
Explodir de amareza, como a borra do café num caldeirão
E apercebo como a luz da minha mente
Esmaece um pouco mais a cada dia
E, ao olhar no espelho, a minha face muda
E devém outra face, que não conheço
E enche-me de horror.
Eu regelo
Sinto como se o mundo tiver vanescido debaixo dos meus pés
Como uma criança no primeiro dia de escola, em Agosto
E, no meu coração, a temperatura desceu abaixo dos -2 graus
Eu regelo
Uns freios chiam, uma buzina soa
E um ônibus passa, quase me roçagando
E, quando lembro que terei de continuar a viver longe de ti,
Eu regelo...
E enxergo a minha vida como se fosse um muro gigantesco
Que ergue-se no fim da estrada
E as vozes das crianças no pátio da escola
Sembram-me uma marcha fúnebre
E o caminho que uma vez levou-me
Até a porta da tua meisom
Agora já não existe.